quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Não Reaja!!!



Será mesmo essa a única resposta para toda e qualquer situação em que sua vida esteja em risco? Se você perguntar à grande maioria dos policiais, o que fazer em caso de ser vítima de um roubo, provavelmente será essa a resposta que ouvirá.

O problema, no entanto não se restringe a uma resposta tão simples. Em nosso cotidiano, estamos sujeitos a diversas situações ameaçadoras e eu considero um tanto descuidado resumir a uma simples atitude o padrão de comportamento para as mais diversas situações de risco.

E quando eu falo em risco, quero ser bem claro: estou falando de risco iminente à vida! Embora tenhamos nos habituado à massificação do discurso por jamais reagir, a verdade é que não há fórmula comportamental correta durante um assalto, muito menos um padrão que assegure à vítima sair com vida.

Não reagir não é garantia de não ser morto, do mesmo modo que uma reação não é um ato suicida. Em verdade, muitas vezes reagir é a única chance que a vítima tem de se manter viva contra a ação de um criminoso já predisposto a matá-la, como foi o caso da ex-judoca e atual remadora Bianca Miarka, que reagiu a um assalto nas proximidades da USP, desarmando um bandido que a ameaçava e entrou em luta corporal com ele.

Bianca, ao analisar a situação em que estava envolvida, identificou a alteração psicológica em seu agressor e a intenção deste em disparar a arma que a apontava. Naqueles instantes, que não costumam durar mais do que segundos, seu senso de autopreservação falou mais alto e daí se desenvolveu a reação. Ela se machucou, é verdade, mas está viva, e é o que importa.

Não se pode desconsiderar que reagir a um perigo é um ato instintivo e, por isso mesmo, algumas vezes incontrolável. Dizer a alguém para simplesmente não reagir é como ordenar a quem se afoga que não tente chegar à superfície, ou seja, algo que não se pode apenas obedecer. Por isso, ao invés de entoar simploriamente o discurso do "não reaja", muito mais proveitoso seria estimular e capacitar os indivíduos para, durante um assalto, saberem avaliar cada detalhe da situação e, somente a partir de então, adotar a conduta mais adequada para se manterem vivos e com os menores danos.

Dizer que reação é o errado é muito fácil quando alguém reage e morre, mas o que se poderia dizer a quem tem chance de reagir, não faz e morre do mesmo jeito? Segurança pública não é fórmula matemática, aonde determinados fatores sempre conduzem a um mesmo resultado. Cada ocorrência é fruto de uma ação humana e, portanto, variável. O fundamental é saber avaliá-las.

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