Será
mesmo essa a única resposta para toda e qualquer situação em que sua vida
esteja em risco? Se você perguntar à grande maioria dos policiais, o que fazer
em caso de ser vítima de um roubo, provavelmente será essa a resposta que
ouvirá.
O
problema, no entanto não se restringe a uma resposta tão simples. Em nosso
cotidiano, estamos sujeitos a diversas situações ameaçadoras e eu considero um
tanto descuidado resumir a uma simples atitude o padrão de comportamento para
as mais diversas situações de risco.
E
quando eu falo em risco, quero ser bem claro: estou falando de risco iminente à
vida! Embora tenhamos nos habituado à massificação do discurso por jamais
reagir, a verdade é que não há fórmula comportamental correta durante um
assalto, muito menos um padrão que assegure à vítima sair com vida.
Não
reagir não é garantia de não ser morto, do mesmo modo que uma reação não é um
ato suicida. Em verdade, muitas vezes reagir é a única chance que a vítima tem
de se manter viva contra a ação de um criminoso já predisposto a matá-la, como
foi o caso da ex-judoca e atual remadora Bianca Miarka, que reagiu a um assalto
nas proximidades da USP, desarmando um bandido que a ameaçava e entrou em luta
corporal com ele.
Bianca,
ao analisar a situação em que estava envolvida, identificou a alteração
psicológica em seu agressor e a intenção deste em disparar a arma que a
apontava. Naqueles instantes, que não costumam durar mais do que segundos, seu
senso de autopreservação falou mais alto e daí se desenvolveu a reação. Ela se
machucou, é verdade, mas está viva, e é o que importa.
Não
se pode desconsiderar que reagir a um perigo é um ato instintivo e, por isso
mesmo, algumas vezes incontrolável. Dizer a alguém para simplesmente não reagir
é como ordenar a quem se afoga que não tente chegar à superfície, ou seja, algo
que não se pode apenas obedecer. Por isso, ao invés de entoar simploriamente o
discurso do "não reaja", muito mais proveitoso seria estimular e
capacitar os indivíduos para, durante um assalto, saberem avaliar cada detalhe
da situação e, somente a partir de então, adotar a conduta mais adequada para
se manterem vivos e com os menores danos.
Dizer
que reação é o errado é muito fácil quando alguém reage e morre, mas o que se
poderia dizer a quem tem chance de reagir, não faz e morre do mesmo jeito?
Segurança pública não é fórmula matemática, aonde determinados fatores sempre
conduzem a um mesmo resultado. Cada ocorrência é fruto de uma ação humana e,
portanto, variável. O fundamental é saber avaliá-las.
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